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AMOR NEURODIVERGENTE CAP. 5 - O QUE FAZER (E O QUE NÃO FAZER) NA ABORDAGEM SEGUNDO OS NEUROTÍPICOS + ANÁLISE

 

"Não faça perguntas comuns como 'Oi, tudo bem?'". "Mantenha contato visual." "Observe a linguagem corporal da outra pessoa." Neste post falaremos mais sobre estas e outras dicas que, para neurotípicos, são essenciais para quem quer se dar bem na paquera.



Não faça perguntas como "Oi, tudo bem?", porque já são "manjadas". Faça perguntas intrigantes.



Uma das dicas pregadas por gurus de relacionamento neurotípico é que você deve evitar o famoso "Oi, tudo bem?", apostando em abordagens mais originais e inovadoras (inclusive, alguns sites de relacionamento dão sugestões de perguntas e/ou frases mais "originais" para puxar assunto com a outra pessoa, além de bloquear essas abordagens mais comuns, estimulando a "autenticidade"). 

Agora eu pergunto: qual o problema com estas perguntas? Tudo bem que dizer "Oi, tudo bem?" apenas para puxar assunto é algo meio hipócrita, mas e quando você realmente quer saber do bem-estar da pessoa? Além do mais, o que diremos no lugar de "Oi, tudo bem?" ao abordarmos alguém? Falaremos mais disso nos tópicos seguintes.



Seja original.



Com o advento da internet, juntamente com a infinidade de cantadas que já circulam por aí, fica cada dia mais difícil sermos originais na hora da cantada. Então, cantadas como "Meu nome é Arlindo, mas pode me chamar só de lindo, porque o ar eu perdi quando te vi" já não funcionam mais. Pelo menos é o que dizem os coachs neurotípicos de relacionamento. Para eles, originalidade é tudo.

Eu diria que, para coaches neurotípicos de relacionamento, cantadas são como piadas, que vão perdendo o efeito após serem repetidas para uma mesma pessoa muitas vezes. No caso da piada, ela perde a graça. No caso da cantada, ela [teoricamente] perde o efeito atrativo que tinha antes. Acontece que muitos de nós, neuroatípicos, não temos toda essa criatividade para criarmos cantadas originais. Já estamos com nossos cérebros sobrecarregados "dando mais de 100% de si" (hipérbole) para não cometermos nenhuma gafe social, e ainda temos que pensar em uma cantada totalmente inovadora? Nosso cérebro provavelmente vai travar com o esgotamento, podendo causar um shutdown.



Sugira sexo na cantada, mas indiretamente.



Uma das dicas repetidas à exaustão por coaches neurotípicos de relacionamento é você sugerir sexo na conversa, mas sem ser direto. Por exemplo, numa conversa sobre cozinha, você diz algo como "Eu faço gostoso" e, quando a outra pessoa te olhar encabulada, você diz, em tom de brincadeira, que estava falando da comida. Mas tanto você quanto a outra pessoa sabem que você estava falando em "fazer gostoso" numa conotação sexual, ou seja, proporcionar um sexo satisfatório para o outro. Um exemplo de abordagem que sugere sexo, mas sem ser direta, seria algo como "Eu não sou o Homem Aranha, mas você me faria subir pelas paredes". Neste caso, o "subir pelas paredes" não se refere literalmente a escalar prédios, mas atingir o ápice do prazer em uma relação sexual.

A questão é: para nós, neurodivergentes, é muito difícil dosar essa diferença sutil entre uma coisa e outra nas conversas, ainda mais na paquera, de modo que é perigoso que 1 - acabemos dizendo diretamente algo como "quero transar com você", assustando a outra pessoa ou 2 - não digamos nada, por medo de sermos inconvenientes. 

Eu mesmo, quando pré-adolescente, provavelmente cometeria gafes horríveis, sendo direto demais na hora de demonstrar o meu interesse por alguma moça.



Aborde a outra pessoa com base no que ela está fazendo.




Uma outra dica muito comum citada por coaches neurotípicos de relacionamento é abordar outra pessoa puxando assunto sobre o que ela está fazendo. Por exemplo, se uma pessoa está lendo um livro, você poderia dizer algo como "Que livro interessante! Sobre o que ele fala?", esperar pela resposta da outra pessoa e, a partir daí, continuar a conversa. 

Acontece que, muitas vezes, seja por nervosismo ou incompreensão sobre como puxar assunto com alguém, não conseguimos fazer isto. Eu já faço há algum tempo, mas não de forma intuitiva e sim de forma "imitada", baseada no que já vi nos flertes dos neurotípicos.




Se a outra pessoa está indisponível, não a aborde naquele momento




Outra dica comumente vista entre coaches neurotípicos de relacionamento é: não aborde alguém cuja linguagem corporal demonstra indisponibilidade.

O problema é que este conselho, muitas vezes, pode se voltar contra nós, neurodiversos. Muitas vezes, acabamos adotando uma postura que sugere indisponibilidade (como cruzar os braços, por exemplo), quando, na realidade, aquela é simplesmente a posição na qual nos sentimos confortáveis naquele local, naquela situação, etc. Como saber, então, se a pessoa está realmente indisponível ou se é apenas o "jeito" dela?

Há, ainda, muitas outras dicas, mas que deixariam o post longo demais.

E você, neurodiverso? O que acha dessas dicas neurotípicas de abordagem?















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